Aos poucos a tentativa se esbarra
para no vento perdido
aturdido na algazarra das vozes
é norte a morte dos sonhos?
ou sorte estender-se ao esquecimento?
novo caminho se traça
até que mais embates se façam
e outro ciclo se cumpra

Tenho dedos furtivos
indicadores de horizontes
e olhos agudos
pupilos do amanhã
um corpo castanho
no dorso da vida
cumprida
e ainda por vir.

Tenho talvez
duas ou três metades de caminho
se bem que na verdade as possibilidades são infinitas
tantas ditas
várias escritas
outras esquecidas n'algum lugar

Tenho agora
na certeza
um mundo em minhas taças
e ao beber-lhe por inteiro
vomito o sobejo
pra quem não sabe andar.

As densas sombras da noite
invadem cúbiculos da dor
e as teias da nossa voz
encobrem a cor dos nossos desejos
então falar de lógica
então calar na lógica
então viver logicamente, mente mente
Não me venha com artifícios
desses que são complexos demais
eu não perdoou, eu não entendo
se eu pudesse dizer o que sinto
se pudesse revelar o que minto
o que mais você podia saber de mim?

 

 

Minha casa

Sonho com uma casa repleta de flores,
aonde os amores se façam sentir.
Uma casa pequena, com obras de arte,
com música boa para se ouvir.


Quero uma casa com varanda ampla,
redes armadas, conversa ao luar...
Uma casa clara, com astral lá em cima,
várias almofadas onde repousar.


Eu penso uma casa sem móveis modernos,
sem quinquilharias à lhe atravancar.
Uma casa vazia, mas cheia de amigos,
corações-abrigo pra tudo o que há.


Anseio por casa com minha figura,
aonde bons fluidos se façam sentir.
Uma casa bonita, com jeito de casa,
e um certo flautista tocando pra mim.

   
por Jéssica Araújo

Linda, linda, linda..... 

Rego-me pela mão que me cultiva
que aguando-me criva o desejo de florir perene
em estações prenhas de aroma e sabor
adubas-me no amor
mas ser haste apenas me basta
o pólen a te semear por meus poros
ou tão somente ser o que beija a flor
gérbera que és.